Uma série de acontecimentos nos últimos dois dias agitou o mercado automotivo nacional e internacional. Como você acompanhou no Carro Online, na tarde da última quinta-feira (11) o Ministério da Fazenda isentou os carros com motor até 1.0 da alíquota do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Enquanto isso, nos Estados Unidos o projeto de ajuda imediata de US$ 14 bilhões (cerca de R$ 35 bilhões) para GM, Chrysler e Ford foi barrado no senado na noite dessa quinta feira (11), madrugada de sexta (12) no Brasil.
Enquanto um certo clima de pessimismo paira sob os EUA, que motivou a administração do presidente Bush a estudar o uso de parte do empréstimo de US$ 700 bilhões (R$ 1,7 trilhão) aprovados para o sistema financeiro daquele país no socorro às fabricantes, no Brasil a expectativa é de que as vendas aumentem com a redução temporária (até 31 de março) do imposto sobre os automóveis.
Para Sérgio Reze, presidente da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), a medida é “muito bem aceita e ajudará a reduzir a queda nas vendas observada nos últimos meses”. Segundo Reze, a expectativa é que, em torno de 60 a 90 dias a partir de agora, a comercialização de carros novos volte a crescer, mas não no mesmo ritmo observado antes da crise. Sobre a diminuição do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para 1,5% ao ano, Reze declarou que a instituição batalhava para uma isenção integral do tributo, porém “o custo de um financiamento será, de qualquer maneira, reduzido”.
A assessoria da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) informou que “assim que a medida de redução do IOF entrar em vigor, os financiamentos passam automaticamente a receber o imposto menor nas concessionárias”. Com relação aos novos valores do IPI, a Associação informa que suas afiliadas estão comprometidas a conceder o desconto aos consumidores e que “isso levará um pouco mais de tempo, pois será necessário refaturar os preços”. Em uma pesquisa por concessionárias da Grande São Paulo, o Carro Online apurou com vendedores que eles aguardam as novas tabelas das montadoras para praticar os valores reajustados.
Benefícios aos consumidores
A Fiat informou que repassará toda a redução do IPI aos clientes e os novos preços valem a partir desta sexta-feira (12). O Mille Fire Economy 3 portas, por exemplo, passa a custar R$ 21 754 e o financiamento de veículos da linha também será reduzido, mas as novas taxas e a data em que começarão a valer serão divulgadas posteriormente. A Chevrolet e a Ford seguirão os mesmos passos de sua concorrente e, a partir de sábado (13), adotarão a nova tabela do IPI (que agora incide em 5,5% carros com propulsor flex e em 6,5% os movidos a gasolina, ambos com cilindrada entre 1 000 cm³ e 2 000 cm³). A montadora norte-americana cita em comunicado oficial que o novo Ka será vendido agora por R$ 23 157 ante o preço promocional de R$ 24 900 que os distribuidores da marca estavam praticando. A Volkswagen foi a única que não revelou seu posicionamento perante as novas regras do imposto.
Na última quinta-feira (11), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu uma revisão dos juros praticados pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal para diminuir as taxas cobradas “na ponta” (termo utilizado para referir-se ao custo que chega ao consumidor final) para pessoas físicas e jurídicas. Apesar da euforia inicial, Luiz Carlos Augusto, da consultoria JATO, especializada em mercado automotivo, analisa que “a redução no IPI favorece em grande parte as montadoras, mas é necessário que o governo pense também em medidas para estimular a venda de veículos usados, que são uma importante moeda de troca”.
Augusto explica que, como os financiamentos para os usados não ofereciam condições atrativas, eles acabaram se desvalorizando acima da média. Com a recém-anunciada diminuição do IPI, a tendência é que eles percam, no mínimo, 8% de seu valor com a nova política tributária.
Outro ponto de vista é fornecido pelo professor Evaldo Alves. Segundo ele, com a economia novamente aquecida, os carros usados podem ganhar mais procura e, por conseqüência, não ter uma desvalorização tão acentuada. O professor de Finanças da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo salienta que “os efeitos das medidas econômicas serão sentidas somente na metade de 2009”. “Em julho do ano que vem, talvez a economia esteja em um patamar aceitável. Não adianta pensar que retomaremos o mesmo nível de atividades observado até o fim de setembro deste ano”, conclui Alves.
Fonte: Carro Online.
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
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